Páginas

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Tunísia - Dougga


O Lobo gosta de passear ao acaso. Em cidades em ruínas, como é o caso, esta metodologia de descoberta é particularmente interessante pois permite que se encontrem pormenores não referenciados e percursos personalizados.




Efectuado um reconhecimento aleatório, claro que depois há que procurar descobrir os locais e os monumentos que não encontrámos no percurso à deriva. Se ficar algo sem ser visto não será morte de homem, nem de mulher.


Acho que a preocupação será de ficar com uma imagem geral da cidade, das suas estruturas fundamentais, da arquitectura pública e civil, dos edifícios religiosos e de um pormenor ou outro que nos interesse particularmente.



Estou a falar da perspectiva de um viajante, não de um meticuloso interessado em história.



Será útil ter lido algo sobre o que se vai visitar e ter uma imagem prévia da distribuição dos edifícios, mas também pode ser interessante uma descoberta cega, em que a informação pode ser recolhida à posteriori quando se organizam as fotografias.



Ter pois um guia ou um mapa pode ajudar, quer no antes, quer durante e depois da visita.




Dougga espraia-se por mais de 70 ha. É pois uma área muito grande, ainda que os pontos de interesse da cidade se encontrem relativamente próximos uns dos outros.




Aconselho uns sapatos confortáveis – as ruas romanas e o subir e descer anfiteatros e ruínas assim o exigem – um chapéu e protector solar. É também importante levar uma garrafinha de água e roupa leve de algodão.



Eu visitei esta cidade em Junho e o calor já era muito.





No final podemos sempre sentar-nos a uma mesa debaixo de uma árvore e saborear um gelado ou reforçar a hidratação com uma garrafa de água fresquinha.




Não é agradável visitar cidades em ruínas rodeado de hordas de turistas. Felizmente que quando estive em Dougga a cidade não tinha ninguém, a não ser uns gatinhos que por ali deambulavam.




É difícil imaginar uma cidade romana no seu tempo, quando esta está ser percorrida por milhares de pessoas de máquinas em punho.




Vi Éfeso na Turquia rodeado de tanta gente que mal consegui vislumbrar as pedras. O mesmo se passou no Partenon. É de evitar!




A cidade fica no noroeste da Tunísia numa colina com cerca de 570 metros de altura e dominando um fértil vale (Oued Khalled) em toda a sua extensão.




Dougga testemunha 17 séculos de história e constitui uma síntese de diferentes culturas: numidica, púnica, helenística e romana. É o melhor exemplo de cidade afro-romana existente, pelo seu estado de preservação.


Os edifícios romanos foram integrados sobretudo nas construções de origem numídica da cidade e datam dos séculos II e III D.C.

  

A cidade nunca teve mais de 5000 habitantes e a sua riqueza estava relacionada com a actividade agrícola.




Mantém um centro monumental, com capitólio, fórum, grande praça ( Praça Rosa dos Ventos - data de 190 D.C. e constitui uma extensão do fórum; no século III foram assinalados no solo as designações dos 12 ventos romanos) e mercado.




Preserva também os edifícios destinados a entretenimento: teatro e circo e os banhos públicos.



Templos, santuários, cisternas públicas e fontes encontram-se dispersos pela cidade, bem como habitações de dimensões diversas, lojas e mausoléus.



 A riqueza histórica da cidade é particularmente importante pela presença de estatuária e de pedras epigráficas com inscrições gregas e latinas, mas também líbias e púnicas. Algumas são bilingues, o que possibilitou a decifração da escrita líbia e o conhecimento da vida social e cívica dos numídios nos séculos III e II A.C.




 Acompanhem o percurso fotográfico por este espaço com 1800 anos e, quando puderem, vão ver localmente com os vossos próprios olhos e passear com os vossos pés.




À descoberta de Dougga!



 



Nota: Fotos e texto do Lobo - Janeiro 2011

Sem comentários:

Enviar um comentário