Os donos da Língua
O português
Não tem donos.
É uma língua solta e livre
Língua de asas e folguedos.
Olho com ela e vejo o mundo.
Com ela expresso amor e medos.
Língua terna e eterna,
Ácida e visceral, universal.
Língua sem selas nem trelas,
Sem peias e sem ameias.
Do alto desta língua
Expresso o espanto
Com as suas palavras
Choro e canto.
Perscruto o mundo
Escuto os sons.
Com esta língua
Manifesto o meu encanto.
A língua portuguesa
Não tem erros.
Perfeição em deserto e floresta
Língua boleada e sem aresta.
Rã que salta num charco.
Oceano sonoro, em baixo um barco.
Língua que antevê e que prevê
Língua resposta e língua porquê?
Voa no ar como uma nuvem,
Cigarra sonora em campo aberto
Palavras que ora vão ora vêm
Língua que expressa aquilo que é certo.
Língua do sim e do não,
Talvez, quem sabe?
Língua do til
e do baril.
Língua algas e sargaços
Ecos sonoros, melaços.
Língua de vida e cansaços.
Língua bué e alma cena,
Tás a ver, oh meu, o machimbombo?
Som violino, som de bombo,
Língua varina,
Vareira:
Ora fina, ora grosseira.
Com esta língua ato os meus desejos
Com ela vivo e dou suspiros
Com ela bate levemente a minha mente
Com ela arde brevemente a minha sede.
Língua lupa
Microscópio
Telescópio e
Periscópio.
Engrenagem de palavras,
Gentilezas e torpezas.
Língua de aço e de surpresas.
Alma de dúvida e certezas.
Língua curto ele,
Me amarro nela.
Esta língua é uma esparrela.
Com ela me deito e me levanto
Respiro e faço amor.
Língua abraço e língua beijo.
Esta língua é meu frio e meu calor
Meu olfacto, meu tacto e meu sabor.
Esta língua sou eu
E num momento é minha.
Mas então logo voa
E é assim de outra pessoa.
Língua de amasso e reboliço.
Palavras flores e sensores.
Esta língua é o meu espaço
E também o teu feitiço.
Língua de todos
Que a entendem
Dos que a amam.
Língua mama.
Língua leite,
Língua dendém e azeite.
Língua para nascer e morrer.
Língua toalha e mortalha.
Sempre, sempre, sempre
Língua essencial para viver.
Não tem donos.
É uma língua solta e livre
Língua de asas e folguedos.
Olho com ela e vejo o mundo.
Com ela expresso amor e medos.
Língua terna e eterna,
Ácida e visceral, universal.
Língua sem selas nem trelas,
Sem peias e sem ameias.
Do alto desta língua
Expresso o espanto
Com as suas palavras
Choro e canto.
Perscruto o mundo
Escuto os sons.
Com esta língua
Manifesto o meu encanto.
A língua portuguesa
Não tem erros.
Perfeição em deserto e floresta
Língua boleada e sem aresta.
Rã que salta num charco.
Oceano sonoro, em baixo um barco.
Língua que antevê e que prevê
Língua resposta e língua porquê?
Voa no ar como uma nuvem,
Cigarra sonora em campo aberto
Palavras que ora vão ora vêm
Língua que expressa aquilo que é certo.
Língua do sim e do não,
Talvez, quem sabe?
Língua do til
e do baril.
Língua algas e sargaços
Ecos sonoros, melaços.
Língua de vida e cansaços.
Língua bué e alma cena,
Tás a ver, oh meu, o machimbombo?
Som violino, som de bombo,
Língua varina,
Vareira:
Ora fina, ora grosseira.
Com esta língua ato os meus desejos
Com ela vivo e dou suspiros
Com ela bate levemente a minha mente
Com ela arde brevemente a minha sede.
Língua lupa
Microscópio
Telescópio e
Periscópio.
Engrenagem de palavras,
Gentilezas e torpezas.
Língua de aço e de surpresas.
Alma de dúvida e certezas.
Língua curto ele,
Me amarro nela.
Esta língua é uma esparrela.
Com ela me deito e me levanto
Respiro e faço amor.
Língua abraço e língua beijo.
Esta língua é meu frio e meu calor
Meu olfacto, meu tacto e meu sabor.
Esta língua sou eu
E num momento é minha.
Mas então logo voa
E é assim de outra pessoa.
Língua de amasso e reboliço.
Palavras flores e sensores.
Esta língua é o meu espaço
E também o teu feitiço.
Língua de todos
Que a entendem
Dos que a amam.
Língua mama.
Língua leite,
Língua dendém e azeite.
Língua para nascer e morrer.
Língua toalha e mortalha.
Sempre, sempre, sempre
Língua essencial para viver.
Carlos José Martins
Nobre
1 de Setembro de 2011
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