"La tristesse durera toujours"
Se alguém ou a sua obra (ou ambos) nos apaixona, não sendo especialistas no assunto, não devemos inibir-nos de ler, estudar, ver, dialogar sobre e, se nos apetecer, partilhar o que se pensa e se aprendeu.
Desta vez o objecto do afecto é Vincent van Gogh e a sua vida e obra.
Comecei por ver o filme de Maurice Pialat - VAN GOGH - de 1991. O realizador afirma: "Apesar de todas as liberdades que tomei, penso estar mais próximo da verdade, da autenticidade, do que todas as biografias autorizadas".
A certa altura o pintor afirma: "Sou o pintor dos queixos fugazes". O que é que ele quereria dizer com isto? Queixos que fogem, que não se deixam retratar, que se esbatem enquanto são retratados?
A certa altura o pintor afirma: "Sou o pintor dos queixos fugazes". O que é que ele quereria dizer com isto? Queixos que fogem, que não se deixam retratar, que se esbatem enquanto são retratados?
Vincent é o actor Jacques Dutronc e o filme reproduz o período que o pintor passou em Auvers-Sur-Oise, a 30 km de Paris. São os seus últimos 70 dias: de 20 de Maio de 1890 a 29 de Julho do mesmo ano, dia da sua morte.
Vincent fica hospedado numa pequena mansarda de 7m2 e uma clarabóia, no Auberge Ravoux (esta é a única casa onde o pintor viveu - na Holanda, Bélgica, Inglaterra e França - que se encontra intacta e visitável, vide o link abaixo).
Mantém um contacto próximo com o Dr. Gachet, que procura, num misto de admiração pela genialidade do pintor (o próprio médico era pintor amador e coleccionador entusiasta de pintura impressionista) e na tentativa de controlar a sua perturbação mental, por meios homeopáticos, criar-lhe um ambiente familiar e afectivo, no qual participam a sua filha e o seu filho.
Mantém um contacto próximo com o Dr. Gachet, que procura, num misto de admiração pela genialidade do pintor (o próprio médico era pintor amador e coleccionador entusiasta de pintura impressionista) e na tentativa de controlar a sua perturbação mental, por meios homeopáticos, criar-lhe um ambiente familiar e afectivo, no qual participam a sua filha e o seu filho.
O filme apresenta um Vincent criativo - o pintor terá pintado cerca de 70 telas enquanto esteve neste local. Refira-se que van Gogh pintou cerca de 400 quadros, pelo que os seus 68 últimos dias foram profundamente criativos.
Enquanto foi vivo vendeu uma das suas 400 pinturas - "O vinhedo vermelho" - por 400 francos. Em 1990, "O retrato do Dr. Gachet" com um ramo de flores medicinais sobre uma mesa, foi vendido por 82,5 milhões de US$.
É apresentado o homem, a sua relação com a pequena comunidade local em que se movimenta, a relação ambivalente com o irmão Theo, a relação amorosa com a filha do Dr. Gachet.
A vida boémia de cabaret e prostituição, dança e absinto do Paris do final do século XIX é também abordada numa incursão que o pintor faz a Paris, para visitar o irmão e o cabaret que Toulouse-Lautrec pintou, com as suas dançarinas de can-can.
O pintor mantém uma vida emocional instável, com profundas dúvidas sobre a qualidade do seu trabalho e numa dependência financeira e afectiva do irmão Theo.
Retrata-se a si próprio. Retrata crianças e adultos locais. Anda de tela, caixa de tintas e pincéis às costas pintando edifícios, campos de trigo, flores, ambientes. Não pinta o que vê...aliás nunca tal fizera. Pinta emoções, sentimentos e afectos. É uma pintura a clivar o movimento impressionista e a avançar na modernidade que o impressionismo representa. É um impressionismo de expressões.
As telas de van Gogh são as suas emoções: as estrelas, as pessoas, as íris, os girassóis, as searas, o seu e todos os rostos que pintou são as suas emoções, algumas alucinadas. Nunca ninguém havia pintado céus, nuvens, cearas, flores, igrejas, pontes, casas...com sentimentos. O pintor não se interessa pela fidelidade ao modelo. Marguerite retratada ao piano, diz-lhe, furiosa, que a parede não tem aquela cor, que o seu vestido não é assim, que ele não sabe pintar.
A vinda para Auvers-sur-Oise é posterior ao grave incidente da perseguição a Gaugain e do corte da orelha esquerda. A permanência no manicómio é, aqui, substituída por uma vida ao ar livre.
A perturbação mental de Vincent acompanha-o ao longo dos seus 37 anos de vida. A sua pintura antes da chegada a Paris é uma pintura de cores e ambientes sombrios. Torna-se em Paris, em Arles (a partir de 1888) e em Auvers uma palete de amarelos, azuis e vermelhos e verdes fortes. Sendo cores intensas e brilhantes não produzem pinturas alegres, projectam amarguras, avaliam o que vêem e na oscilação entre o visto e o imaginado, o pintor tende para o imaginado.
Não seria fácil aceitar estes quadros ambivalentes: as cores a puxarem para a exaltação da vida e os movimentos dos pincéis a repuxarem para sentimentos depressivos e forte manifestação de ansiedade e de dor psíquica. São céus, searas e flores tão alegres na cor e tão infelizes nos seus movimentos.
Van Gogh nasceu em Zunderrt na Holanda em 1853, filho de um pastor protestante, via que, aliás ele tentou, sem eficácia, prosseguir. Eram 6 irmãos - 3 homens e 3 senhoras - e as patologias mentais que sofreram claramente introduzem um aspecto genético na perturbação mental de van Gogh. O irmão Theo, de quem Vincent sempre esteve tão próximo, sofria de depressão e ansiedade e faleceu 7 meses após van Gogh com neurossifílis. O irmão Cornelius suicidou-se aos 33 anos. A irmã Wilhelmina manteve uma patologia esquizofrénica durante 40 anos.
Não está clara a patologia mental de Vincent. Alguns autores consideram tratar-se de uma epilepsia do lobo temporal, agravada com o abuso de absinto ( o absinto era uma bebida muito popular nos cabarets de fim de século; tinha 68% de álcool, era designada por fada verde e derivava da Artemisia absinthium; o seu uso continuado podia originar alucinações, reacções psicóticas agudas e morte). Outros apontam para sintomatologia esquizofrénica com delírio paranóide e outros para uma perturbação de natureza obsessivo-compulsiva, actualmente designada como doença bi-polar.
Vincent baleou-se no abdómen e esteve dois dias no seu quarto à espera da morte. A viagem para Paris para extracção da bala seria perigosa, assim a alternativa foi aguardar que o seu grande coração deixasse de bater.
Depois de ver o filme, apetece ver e ler sobre o artista, há muitas páginas na internet onde se pode ler sobre a sua vida e obra e ver os seus quadros. O link para o site do Museu Van Gogh em Amsterdão encontra-se abaixo.
A paixão universal pela pintura de Vincent também inspirou músicos e cantores. Don McLean descreveu Vincent, tal como a seguir apresento e cantou-o numa melodia inesquecível. A versão de Josh Groban mantém a beleza da versão original. Ouça-a se lhe apetecer seguir este conselho.
VINCENT
Starry
starry night
paint your palette blue and grey
look out on a summer's day
with eyes that know the
darkness in my soul.
Shadows on the hills
sketch the trees and the daffodils
catch the breeze and the winter chills
in colors on the snowy linen land.
And now I understand what you tried to say to me
how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
They would not listen
they did not know how
perhaps they'll listen now.
Starry
starry night
flaming flo'rs that brightly blaze
swirling clouds in violet haze reflect in
Vincent's eyes of China blue.
Colors changing hue
morning fields of amber grain
weathered faces lined in pain
are soothed beneath the artist's
loving hand.
And now I understand what you tried to say to me
how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
perhaps they'll listen now.
For they could not love you
but still your love was true
and when no hope was left in sight on that starry
starry night.
You took your life
as lovers often do;
But I could have told you
Vincent
this world was never
meant for one
as beautiful as you.
Starry
starry night
portraits hung in empty halls
frameless heads on nameless walls
with eyes
that watch the world and can't forget.
Like the stranger that you've met
the ragged men in ragged clothes
the silver thorn of bloddy rose
lie crushed and broken
on the virgin snow.
And now I think I know what you tried to say to me
how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
They would not listen
they're not
list'ning still
perhaps they never will.
Don Mclean
Links interessantes:
http://www.vangoghmuseum.nl/
http://www.maisondevangogh.fr/
Don McLean - Vincent: http://www.youtube.com/watch?v=4wrNFDxCRzU&feature=related
Josh Groban - Vincent: http://www.youtube.com/watch?v=2_cdyET0cLM
Nota: Texto do Lobo e fotos da internet.
Vincent baleou-se no abdómen e esteve dois dias no seu quarto à espera da morte. A viagem para Paris para extracção da bala seria perigosa, assim a alternativa foi aguardar que o seu grande coração deixasse de bater.
Depois de ver o filme, apetece ver e ler sobre o artista, há muitas páginas na internet onde se pode ler sobre a sua vida e obra e ver os seus quadros. O link para o site do Museu Van Gogh em Amsterdão encontra-se abaixo.
A paixão universal pela pintura de Vincent também inspirou músicos e cantores. Don McLean descreveu Vincent, tal como a seguir apresento e cantou-o numa melodia inesquecível. A versão de Josh Groban mantém a beleza da versão original. Ouça-a se lhe apetecer seguir este conselho.
VINCENT
Starry
starry night
paint your palette blue and grey
look out on a summer's day
with eyes that know the
darkness in my soul.
Shadows on the hills
sketch the trees and the daffodils
catch the breeze and the winter chills
in colors on the snowy linen land.
And now I understand what you tried to say to me
how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
They would not listen
they did not know how
perhaps they'll listen now.
Starry
starry night
flaming flo'rs that brightly blaze
swirling clouds in violet haze reflect in
Vincent's eyes of China blue.
Colors changing hue
morning fields of amber grain
weathered faces lined in pain
are soothed beneath the artist's
loving hand.
And now I understand what you tried to say to me
how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
perhaps they'll listen now.
For they could not love you
but still your love was true
and when no hope was left in sight on that starry
starry night.
You took your life
as lovers often do;
But I could have told you
Vincent
this world was never
meant for one
as beautiful as you.
Starry
starry night
portraits hung in empty halls
frameless heads on nameless walls
with eyes
that watch the world and can't forget.
Like the stranger that you've met
the ragged men in ragged clothes
the silver thorn of bloddy rose
lie crushed and broken
on the virgin snow.
And now I think I know what you tried to say to me
how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
They would not listen
they're not
list'ning still
perhaps they never will.
Don Mclean
Links interessantes:
http://www.vangoghmuseum.nl/
http://www.maisondevangogh.fr/
Don McLean - Vincent: http://www.youtube.com/watch?v=4wrNFDxCRzU&feature=related
Josh Groban - Vincent: http://www.youtube.com/watch?v=2_cdyET0cLM
Nota: Texto do Lobo e fotos da internet.
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