O Lobo vai publicar algumas mensagens sobre a Tunísia.
Porque é um país acolhedor, belo e diversificado, com paisagens variadas e por onde transitaram muitos povos e culturas, a Tunísia tem muito para ver e para encantar.
Do norte verde e azul, ao sul amarelo e dourado, nos seus cerca de 163000 Km2, percorre-se este país e quando voltamos sentimos ainda o vento azul do norte no rosto ou o dourado do deserto ainda com marcas na pele.
1300 Km de Mediterrâneo a norte e a leste com belas paisagens de escarpas e areia. A sul o quente deserto, areias amarelas a perder de vista, lagos secos e salgados e oásis de deserto ou de montanha, onde a vida floresce, de modo inexplicável, até se perceber que por baixo do calor há imensos lençóis de água, também ela quente, que depois de arrefecida por contacto com o ar, faz surgir paraísos de palmeiras. Estas, com a sua sombra, permitem muitas outras culturas vegetais e a sobrevivência de pessoas e animais.
Há vestígios de civilizações de épocas muito variadas, cartaginesa, fenícia, romana, vândala, berbére, árabe, cristã e europeia.
É como se a Tunísia nos colocasse um piercing no umbigo e uma tatuagem azul fenício sobre o peitoral que cobre o coração.
Como tenho que começar a falar por algum lado, vou iniciar esta série de artigos sobre locais imperdíveis da Tunísia como a maravilha azul e branca que é a aldeia de Sidi Bou Said.
Com texto e música de Frank Paparelli e John Gillespie, sugiro que ouçam Ella Fittzgerald em A night in Tunisia(http://www.youtube.com/watch?v=u2kPEZV8moY). Depois vão lá passar alguns dias e noites e verão se as noites não são, de facto, plenas de paz. A letra é a seguinte:
The moon is the same moon above you
Aglow with it’s cool evening light
But shining at night, in TunisiaAglow with it’s cool evening light
Never does it shine so bright
The stars are aglow in the heavens
But only the wise understand
That shining at night in tunisia
They guide you through the desert sand
Words fail, to tell a tale
Too exotic to be told
Each night’s a deeper night
In a world, ages old
The cares of the day seem to vanish
The ending of day brings release
Each wonderful night in tunisia
Where the nights are filled with peace
Ora vamos lá a Sidi Bou Said. Já sabem que o Lobo gosta mais de mostrar os locais do que botar muita faladura sobre os mesmos. Assim farei, como de costume.
O Falcão do Deserto
Muito do que sei sobre a Tunísia aprendi-o com o Falcão do Deserto - nome com que agora o baptizei porque me apeteceu - que me acompanhou e aturou a minha impertinência sem grandes amuos. Mostrou-me os museus e as ruínas, levou-me ao deserto, levou-me aos souk e às mesquitas, bebeu Licor Beirão comigo e com os meus amigos, ficou sendo também um amigo e tudo o que vou escrever ou mostrar sobre o seu país, a ele o devo.
Em Sidi Bou Said até o vento e as pessoas são azuis. O azul impregna tudo até à alma: vem do céu e do mar e pinta janelas, portas, grades, muros. Como se uma grande onda tivesse sido soprada do Mediterrâneo e tivesse pintado as portas, as janelas e as grades daquela aldeia.
A aldeia, numa escarpa sobre o golfo de Tunes, tem o nome de um santo sufi do século XIII: Sidi Abou Said, que aqui se instalou após o regresso de uma ida a Meca.
A aldeia e o ar que aqui se respira são inesquecíveis. Por alguma razão, grandes artistas avant-garde se instalaram neste espaço, ou por aqui passaram, nos anos 20 do século XX. O Café des Nattes lá está ainda, com as fotografias de alguns dos seus famosos frequentadores: Paul Klee, Simone de Beauveoir, André Gide, Jean-Paul Sartre.
Sabe muito bem sentarmo-nos nas esteiras e beber um chá de menta com pinhões, na frescura deste café. Depois caminhar pelas ruelas da aldeia à descobertas de portas, janelas, ângulos com vista sobre o mar, minaretes e a vida de rua de uma pequena aldeia. Vamos então!
Em Sidi Bou Said vê-se o mar até muito longe. Nos seus diferentes matizes de azul e verde. Em terra, no promontório, paredes caiadas de branco. As buganvíleas, de todas as cores, introduzem as cores quentes sobre o branco e o azul. As palmeiras juntam-lhe o verde. Foi ideia de um barão qualquer ( neste caso d´Erlanger) fazer desta aldeia o colorido que ela é. Enfim... por vezes os barões têm ideias que valem a pena. Que pena ter que sair de Sidi Bou Said! Mas há tanto para ver neste país que a saída não é tão difícil como poderiamos pensar. Algo de muito interessante, natural ou realizado por mão humana, nos espera no próximo destino. Continuemos então a nossa descoberta da Tunísia.
Nota: Fotos do Lobo - A primeira foto foi feita no Souk de Hammamet, as restantes em Sidi Bou Said
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