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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Indinha e a Poäng ou o Elogio do designer Noboru Nakamura


Indinha era uma apreciadora de tecidos, atoalhados, acolchoados, almofadas, cobertores, sofás, tapetes, capachos, alcatifas e outras superfícies confortáveis.

Apreciava em particular o design escandinavo e a eterna Poäng era disputada ao milímetro. Indinha pesava toneladas quando precisava de partilhá-la comigo.

Por este motivo, Noboru Nakamura era o seu designer preferido. Pela ergonomia dos seus trabalhos brilhantemente adaptados a todas as espécies animais.

De um ser humano - ou dois bem apertadinhos - , de qualquer idade, a uma formiga, de uma mosca a um gato, de uma libélula a uma osga, de uma barata a um ratinho do campo, de um bicho de conta a um pardal, de uma aranha a um rato-cego, de um hamster a um coelho, de um pombo a um aquário com peixes dentro... todos se sentem confortáveis na Poäng.

A Poäng tem a dimensão e o conforto de um colo. O designer transportou o colo em que foi embalado para o colo em que todos nos embalamos nos seus suaves movimentos oscilatórios.

A Poäng está menos feliz sem ela. A  disputa acabou e a cadeira é toda minha. Perdi o gosto de ter que lutar pelo meu espaço. Enquanto me lembrar, é com dificuldade que me sento naquela cadeira maravilhosa.

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